“Aos olhos da população, a imagem do Estado passou a ser a de um monstro perigosíssimo porém meio cego, a de um tirano violento mas meio caduco, de quem se podia rir pelas costas. Os intelectuais, por sua vez, eram poucos; a consciência deles ficava, inevitavelmente, dividida. Liam com simpatia, às vezes com entusiasmo, as doutrinas liberais elaboradas na Europa; no entanto, viviam em ambientes familiares mais ou menos privilegiados, frequentemente servidos por escravos. Eram obrigados a conciliar a adesão a uma ideologia avançada com a aceitação quotidiana de instituições espantosamente retrógradas. Da perspectiva em que se achavam colocados, os intelectuais ficavam praticamente impossibilitados de compreender a fundo as contradições da sociedade em que viviam.”
BARÃO DE ITARARÉ - O HUMORISTA DA DEMOCRACIA - Leandro Konder
Nenhum comentário:
Postar um comentário