Foto: Renato Custódio, Centro - SP
Com uma máscara de coelho e muitas pichações espalhadas por São
Paulo, Iaco Viana, nos fala um pouco de suas origens e inspirações.
Iaco tem 29 anos e é formado pela EPA-Artes Plásticas e Publicidade,
cursou o superior em Artes Visuais na Faculdade Paulista de Artes, mas
parou no ultimo semestre.
Qual a origem dos seus grafites?
A origem dos meus desenhos e escritas vem das situações cotidianas,
tanto pela a dos espectadores quanto da minha própria vida. Comecei a
desenhar muito cedo e aos poucos comecei ter curiosidades sobre Arte
através de alguns livros; Quando comecei a ver graffites e pichações
pela cidade, comecei a modificar um pouco meu pensamento sobre o que
lia., como se tivesse aberto um leque de possibilidades maiores.
Quais foram/são as suas influências?
No começo me influenciava muito pelos desenhos que passavam na TV ex:
(Pica Pau, LooneyTunes, Tom &Jerry, The Herculóides…)Depois com o
passar do tempo me foquei mas em ler livros sobre história da arte
gostava muito de Rembrandt, Monet, Renoir, Modigliani, Miró, Ottodix,
Rodim…depois comecei a ver algumas escritas nas ruas (pichações e
grafites) como Kop, Ritual, Thathá, SS, Camabada, Lixomania Vitché,
Tinho, OsGemeos e me foquei mais nesse tipo de linguagem artística .
O estilo de música que você curte influência?
Acho que a música sempre fez parte da minha vida junto com arte. Sendo
assim isso me influência muito na hora de ir pra rua pintar, apesar de
não saber tocar nenhum instrumento, mas geralmente escuto muito Jazz,
Blues, Rapunderground, HardCore e TripHop.
Geralmente escuto mais TripHop ou HardCore, depende muito de como
acordo. Gosto bastante de Portishead, AgnostFront, Madball, Massive
Attack, Tricky, WaxTailor…
Os grafites tem alguma ligação com o Hip-hop?
Sei da importância e da história do movimento Hip-Hop, mas não faço
parte dessa cultura. Tenho outras idéias até meus desenhos também não
lembram os de quando o graffite começou a surgir (1980) através dessa
cultura, basicamente as coisas que faço não tem ligação nenhuma com o
movimento Hip-Hop.
Você tem autorização para pintar?
Eu não costumo ter autorização pra pintar, porque geralmente faço em lugares públicos ou que não tem donos.
Qual o processo para conseguir a legalização?
Se o muro for de residência ocupada peço autorização, até mesmo porque
meu nome é muito fácil de ser identificado, então seria complicado fazer
em qualquer lugar.
Renato Custódio - Theatro Municipal - SP
O que você pensa em relação à ilegalidade?
Acho que a ilegalidade faz parte do graffite desde as origens, se toda
vez que você for pintar na rua autorizado não vejo tanta motivação, acho
que a pessoa acaba perdendo o entusiasmo.
Você considera a arte acadêmica uma arte também?
É relativo porque você está pagando, pode ser qualquer coisa (risos).
Por isso muitas faculdades de arte tem sua própria galeria, assim você
não fica decepcionado em nunca ter exposto numa galeria já que pagou uma
fortuna de mensalidade, acho justo.
Imagina estudar quatro anos na faculdade aí vem uma pessoa e diz que o
que você faz não é arte? O que muda não é o conceito que a faculdade
passa, mas sim o jeito que você trata a arte na sua vida. Vejo muitos
artistas formados que quando vão optar por fazer graffite escolhem fazer
desenhos ou uma arte mais conceitual, mas também vejo muitos
grafiteiros que não são formados fazerem abstratos coloridos por
comodismo (venda), mas não sabem desenhar e nem se querem estudar ou
procurar saber sobre o que eles fazem.
O que você considera arte?
Hoje em dia é complicado definir o que é arte, pelo que vejo a pessoa
está mais preocupado em chocar ou vender. Por exemplo, a Bienal, em
termos artísticos a Bienal do Brasil é considerada umas piores que
existem no mundo, a maioria das pessoas que expõe se preocupam mais em
chocar e parecem que são sempre os mesmos artistas expostos. Um artista
põe um urubu numa galeria, outra expõe um quadro de alguém apontando uma
arma na cabeça de um presidente, parece que a obra tem de ser mais
importante do que o artista. Quando acaba a exposição ninguém lembra o
nome dos outros artistas que estavam expondo e nem de quem fez as tais
obras (chocantes).
Tem um fato na arte que exemplifica muito bem isso “O Boi Abatido”
Rembrandt 1655, você pode pintar um boi sem pele ou pode por o boi na
galeria respingando sangue, prefiro a primeira opção.
Muitas vezes vou a alguma exposição em galerias de “Street art” e os
preços das telas são mais surreais que as obras, parecem que o preço das
telas virou uma pincelada as escuras ou uma orelha cortada.
Você escreve seu nome na cidade com uma letra tão simples
para se destacar dos rabiscos que o resto da população não consegue
entender?
Comecei a escrever pela cidade com esse tipo de letra realmente pra ter
um destaque maior, porque não queria atingir o mesmo público da pichação
ou do graffite, sempre que vou fazer algo novo procuro as opções mais
diferenciadas, não quero ser só mais um número em meio a uma cidade como
São Paulo.
No dia 19 de janeiro, saiu uma reportagem no R7 que falava
sobre a retirada dos grafites do Minhocão, que causou agitação entre
muitos grafiteiros, inclusive, a tinta usada pela prefeitura possui um
acabamento envernizado, especifica para que novos grafites não sejam
feitos, o que você pensa a respeito disso?
Já disse em algumas reportagens anteriores que trato a rua como uma
escola. Creio que em uma sala de aula a lousa precisa ser apagada pra
começar uma nova lição. O fato de ser no Minhocão é irrelevante porque
por mim esse viaduto nem existiria mais!
Continuo afirmando que em um país com os problemas de saneamento público
(esgoto a céu aberto, que ainda existem), falta de segurança e
transporte público caótico que se paga R$3,00 pra andar igual bicho em
um ônibus que as vezes tem até barata ou chove mais lá dentro dele que
na rua. Acho que o prefeito Kassab deveria se preocupar em dar primeiro
condições básica pra sociedade, depois ele cuidar da aparência.
Para ver mais algumas fotos de sesus grafites, acessem a nossa
galeria!
Parabéns.
Vá fazer arte na parede da sua casa!! Isso é crine.
gostaria de vê uma entrevista com o grafiteiro Stan Bellini do interior de Sp já vi essa cara pintando de perto é muito louco o cara manda muito.
vl