terça-feira, 30 de junho de 2009

Trechos de Charles Bukowski


"Dou duas voltas no quarteirão, encontro 200 pessoas e não vejo nenhuma criatura humana. Olho na vitrine das lojas e não há nada que me interesse. No entanto, tudo tem preço. Uma guitarra, ora, porra, pra que me serve uma coisa dessas? Só se for pra tacar fogo. Toca-discos, tevê, rádio. Tralha inútil. Bugiganga imprestável. Um troço pra embrutecer o cérebro. Como soco com luva vermelha de 200 gramas. Popt. Te derruba no chão."

"...sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso. Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. Eu queria mesmo um espaço sossegado e obscuro pra viver a minha solidão. Por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo e não conseguia nada. Um tipo de comportamento não se casava com o outro. Pouco me importava."

" conseguir vencer através de esforços é ideologia de caipira"

"Quando bebemos, o mundo continua a existir lá fora, mas não está nos agarrando pelo pescoço"

"Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as percentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para se aceitável, mas talvez isso também esteja errado."

"A ficção é a realidade melhorada."

"os esquilos foram lá na minha casa."
"é mesmo?"
"é."
"esquilos?"
"esquilos!"
"e eles eram muitos?"
"eram muitos."
"o que que aconteceu?"
"eles falaram comigo."
"o que que eles disseram?"
"eles perguntaram se eu tava a fim..."
"o que que eles disseram?"
"eles perguntaram se eu tava a fim de uma dose."
"quê? que que você disse?"
"eu disse - 'eles perguntaram se eu tava a fim de uma dose'."
"e o que que você disse?"
"eu disse 'não'."
"e o que os esquilos disseram?"
"eles disseram, 'ENTÃO TÁ, TUDO BEM!'"
"nenhum homem pode jamais chamar uma mulher de sua. a gente nunca é dono delas, só tomamos de empréstimo por algum tempo."
"encontrar uma verdade pela primeira vez pode ser uma experiência muito divertida. Quando a verdade de outra pessoa fecha com a sua, e parece que aquilo foi escrito só para você, é maravilhoso."
"[...] Esse é o problema com a bebida, pensava, enquanto enchia o copo. Se acontece uma coisa ruim, você bebe pra esquecer; se acontece uma coisa boa, você bebe pra comemorar; se não acontece nada, você bebe pra que aconteça alguma coisa."

segunda-feira, 29 de junho de 2009

“Recomendo que não aprendam tuas ciências em livros sem ajuda, mesmo que possas confiar em tua capacidade de compreensão. Recorre a mestres para cada ciência que busques adquirir; e se teu professor for de conhecimento limitado, toma tudo o que ele tem a te oferecer, até que encontres outro mais consumado. [...] Quando leres um livro, faz todo o esforço para aprendê-lo de cor e dominar o seu sentido. Imagina que o livro desapareceu e podes passar sem ele, não sendo afetado pela perda [...]. A pessoa deve ler histórias, estudar biografias e as experiências das nações. Fazendo isso, será como se, em seu curto espaço de vida, tivesse vivido contemporaneamente com pessoas do passado, privado com elas, e conhecido os bons e os maus entre elas.”

In: HOURANI, Albert H. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p.176

domingo, 28 de junho de 2009

Grupo Rumo - Ladeira da Memória


Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú
Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas
Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou

Composição: Zécarlos Ribeiro

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O que faz valer a pena...

...nessa Vida de professor é o resultado que, às vezes, se alcança com o trabalho. Após termos concluído a abordagem teórica do Nazifascismo, e com tempo de sobra, uma vez que os novos Cadernos do Aluno ainda não haviam chegado, decidi exibir para os Terceiros anos o filme "O Pianista", de Roman Polanski. O impacto da obra foi enorme, tanto para os alunos quanto para este emotivo professor... Ao final da exibição, os próprios alunos sugeriram realizar um trabalho sobre o tema. Aceitei a proposta e deixei-os livres para que escolhessem como e com quem trabalhar. Nesta quarta-feira, 10 de junho, fui surpreendido... Autonomamente, cada indivíduo reuniu o melhor de si e aplicou na confecção destes trabalhos, que exibo, com orgulho, nesta postagem.



A aluna Lidiane, mais uma vez, superou as expectativas, elaborando um detalhado relatório que trouxe informações tanto sobre as condições para a ascensão do nazismo na Alemanha quanto uma descrição do filme que assistiu nas aulas, ricamente decorado com seus preciosos desenhos.



Os jovens Maíra, Gesiele, Daniel, Andreza, Crislaine, Zuleica e Marcos elaboraram um trabalho de múltiplos formatos: desenhos, textos, resenhas e uma belíssima apresentação de slides.




Os alunos Gabriel, Jean e Everton apresentaram um vídeo que produziram sobre o tema.



Os jovens Leonardo, Adivânio, Maciel, Edinei, Fabrício e Rafael fizeram uma dramatização sobre a revolta dos judeus poloneses contra a dominação nazista.


Não consegui encontrar palavras para descrever o contentamento que senti ao vê-los exibindo seus trabalhos, tão bem planejados e executados. Resta saber se o Estado e a sociedade irão saber acolher esses jovens tão talentosos, dando a eles as oportunidades que merecem... Em breve eles estarão fora da escola, e a incerteza os ronda. Nestes meus anos na profissão tenho visto, entristecido, a perda desse valiosíssimo manacial de qualidades.
Aos jovens da E.E. Jofre Manoel, e a todos os que enfrentam essa terrível encruzilhada, meus votos de bons ventos.

terça-feira, 9 de junho de 2009