Entrevista com o senhor Coiti Suzuki, realizada em 20 de maio de 2007.
Pergunta: Como foi sua chegada aqui neste lugar?
Coiti: Na verdade nós chegamos aqui em junho de 1957, já faz cinquenta anos, então quando chegamos aqui, os japoneses que vieram para o Itimirim geralmente forma enganados por corretores. Os corretores enrolaram a gente. Quando nós chegamos aqui não tinha a rodovia Bigua-Iguape, nem a BR-116 ainda não tinha. Nós viemos por Tapiraí, a maioria do interior do estado de São Paulo, alguns de Minas Gerais. Lá se perdia muitas lavouras por falta de chuva. Minha família veio de Riolândia. Então os corretores nos enrolaram, falando da abundância de chuva que tinha por aqui. Só que na verdade era chuva demais. Tinha meses que você não podia trabalhar, o mês inteiro chovendo. Hoje já acabou um pouco essa chuva né, mas antes era só chuva. Nossa região de origem era plana, e aqui era serra, área montanhosa. Na hora da mudança mesmo, usamos uma estradinha ruim, e eu olhava aquelas ribanceiras e pensava “se virar aqui, não vai sobrar um...” Pra gente que vivia na planície, qualquer morrinho era coisa de outro mundo. Quando cheguei aqui tinha dezessete anos, estava estudando, fazia curso prático agrícola em Jaboticabal. A japonesada que entrou aqui começou a fazer melhorias nas estradas, jagando pedras. Tinha um caminhãozinho que entrava aqui e levava banana prá Biguá, onde tinha uma estação de trem que puxava banana até Santos, prá exportação. Só passava nas estradas se colocassem corrente nos pneus, e só tirava a corrente pra colocar outra nova (risos). A estrada era muito ruim, péssima. Eu chegeui aqui recém-formado em técnico agrícola e fiquei desanimado com os buracos, com a estrada. O caminhão vivia quebrado...
Pergunta: Como foi sua chegada aqui neste lugar?
Coiti: Na verdade nós chegamos aqui em junho de 1957, já faz cinquenta anos, então quando chegamos aqui, os japoneses que vieram para o Itimirim geralmente forma enganados por corretores. Os corretores enrolaram a gente. Quando nós chegamos aqui não tinha a rodovia Bigua-Iguape, nem a BR-116 ainda não tinha. Nós viemos por Tapiraí, a maioria do interior do estado de São Paulo, alguns de Minas Gerais. Lá se perdia muitas lavouras por falta de chuva. Minha família veio de Riolândia. Então os corretores nos enrolaram, falando da abundância de chuva que tinha por aqui. Só que na verdade era chuva demais. Tinha meses que você não podia trabalhar, o mês inteiro chovendo. Hoje já acabou um pouco essa chuva né, mas antes era só chuva. Nossa região de origem era plana, e aqui era serra, área montanhosa. Na hora da mudança mesmo, usamos uma estradinha ruim, e eu olhava aquelas ribanceiras e pensava “se virar aqui, não vai sobrar um...” Pra gente que vivia na planície, qualquer morrinho era coisa de outro mundo. Quando cheguei aqui tinha dezessete anos, estava estudando, fazia curso prático agrícola em Jaboticabal. A japonesada que entrou aqui começou a fazer melhorias nas estradas, jagando pedras. Tinha um caminhãozinho que entrava aqui e levava banana prá Biguá, onde tinha uma estação de trem que puxava banana até Santos, prá exportação. Só passava nas estradas se colocassem corrente nos pneus, e só tirava a corrente pra colocar outra nova (risos). A estrada era muito ruim, péssima. Eu chegeui aqui recém-formado em técnico agrícola e fiquei desanimado com os buracos, com a estrada. O caminhão vivia quebrado...
Pergunta: O que era cultivado aqui?
Coiti: O principal era a banana, né. Naquela época era mais banana, mas depois que a japonesada entrou ai começaram a plantar mais verdura também. Vagem, pimentão. Quando nós chegamos aqui a gente encontrava o povo típico da região, o caiçara, que eram os únicos que vivam nessa região. Eles não tinham estrada, tinham só trilhos. A turma ia pra Iguape de canoa, pelos rios. O máximo que se chegava era até a altura da casa do Totó Carneiro (segundo o entrevistado, a tal casa ficava na altura da atual Escola Jofre Manoel) pelo Rio Preto.
Coiti: O principal era a banana, né. Naquela época era mais banana, mas depois que a japonesada entrou ai começaram a plantar mais verdura também. Vagem, pimentão. Quando nós chegamos aqui a gente encontrava o povo típico da região, o caiçara, que eram os únicos que vivam nessa região. Eles não tinham estrada, tinham só trilhos. A turma ia pra Iguape de canoa, pelos rios. O máximo que se chegava era até a altura da casa do Totó Carneiro (segundo o entrevistado, a tal casa ficava na altura da atual Escola Jofre Manoel) pelo Rio Preto.
Pergunta: Formou-se aqui uma colônia de japoneses?
Coiti: Sim, eram aproximadamente 30 famílias, do paraná, do Interior de São Paulo, e começaram a plantar vagem no inverno, e no verão pimentão e pepino. Naquela época a gente vendia as verduras para a cooperativa de Cotia, da qual éramos associados. Embarcava naquele caminhão com as correntes nos pneus e levava para Biguá. De lá ia tudo pra São Paulo.
Coiti: Sim, eram aproximadamente 30 famílias, do paraná, do Interior de São Paulo, e começaram a plantar vagem no inverno, e no verão pimentão e pepino. Naquela época a gente vendia as verduras para a cooperativa de Cotia, da qual éramos associados. Embarcava naquele caminhão com as correntes nos pneus e levava para Biguá. De lá ia tudo pra São Paulo.
Pergunta: O senhor conta que hije existem apenas cerca de seis famílias de japoneses por aqui. Por que os a maioria foi embora?
Coiti: O que fez muitos abandonarem a região foram as obras de asfaltamento da rodovia Biguá-Iguape, que foram tocadas pela firma Azevedo Travassos. Eles abriram trechos para aplainar a estrada e as chuvas que eram muito pesadas tornaram a estrada intransitável. Para nós daqui era necessário dar a volta por Iguape para levar a mercadoria até Biguá. Era duro, muito mais longe, tínhamos que passar por duas balsas. A mercadoria passava por Pariquera-Açu, Registro, pra depois chegar no destino. Era uma viagem que correspondia a duas até São Paulo, em distância. A japonesada não conseguiu mais aguentar a situação e foi tudo embora, pra outras regiões. A gente ficou de teimoso, porque até agora não ganhamos nada.
Coiti: O que fez muitos abandonarem a região foram as obras de asfaltamento da rodovia Biguá-Iguape, que foram tocadas pela firma Azevedo Travassos. Eles abriram trechos para aplainar a estrada e as chuvas que eram muito pesadas tornaram a estrada intransitável. Para nós daqui era necessário dar a volta por Iguape para levar a mercadoria até Biguá. Era duro, muito mais longe, tínhamos que passar por duas balsas. A mercadoria passava por Pariquera-Açu, Registro, pra depois chegar no destino. Era uma viagem que correspondia a duas até São Paulo, em distância. A japonesada não conseguiu mais aguentar a situação e foi tudo embora, pra outras regiões. A gente ficou de teimoso, porque até agora não ganhamos nada.
Pergunta: A dificuldade continua até hoje?
Coiti: Hoje tá ainda mais difícil. O preço que pagam pelos produtos vem caindo, e o custo dos insumos vai aumentando. Apesar disso, me casei em 1970, e tive dois filhos, que conseguiram estudar. Tenho um filho que se formou em Engenharia Florestal. Na época em que eles estavam estudando nos mudamos para Miracatu, mas eu vinha todos os dias trabalhar aqui no sítio.
Hoje nós trabalhamos todos os dias, eu e minha mulher, e não conseguimos nos sustentar quase. Teve uma época, lá pelos anos oitenta, que vieram pra cá os plantadores de chuchu da região de Guarulhos, os Canelas, os Batistas, os Joanim, e o chuchu deu dinheiro, muito dinheiro. Os meeiros de chuchu compravam carro zero quilômetro! Mas aí todos começaram a plantar chuchu e o preço caiu muito. A maioria dos grandes produtores foi embora, e os que sobraram estão cambaleando aqui.
Acho que muito dessa decadência veio da falta de corrigir o solo, do cultivo repetido na mesma área, que acabou levando a uma queda na produção. Muitos foram para outros locais com solo mais fértil, como Atibaia.
O cultivo de banana está ameaçado também. Nos anos oitenta e noventa, praticamente só havia banana aqui no litoral. Hoje já plantam em Santa Catarina, Minas Gerais, Nordeste... E tem a sigatoca negra, que veio lá do Equador. A pulverização agora é uma necessidade.
Muita gente está abandonando o chuchu e a banana e tentando outras coisas, como o Antúrio.
Coiti: Hoje tá ainda mais difícil. O preço que pagam pelos produtos vem caindo, e o custo dos insumos vai aumentando. Apesar disso, me casei em 1970, e tive dois filhos, que conseguiram estudar. Tenho um filho que se formou em Engenharia Florestal. Na época em que eles estavam estudando nos mudamos para Miracatu, mas eu vinha todos os dias trabalhar aqui no sítio.
Hoje nós trabalhamos todos os dias, eu e minha mulher, e não conseguimos nos sustentar quase. Teve uma época, lá pelos anos oitenta, que vieram pra cá os plantadores de chuchu da região de Guarulhos, os Canelas, os Batistas, os Joanim, e o chuchu deu dinheiro, muito dinheiro. Os meeiros de chuchu compravam carro zero quilômetro! Mas aí todos começaram a plantar chuchu e o preço caiu muito. A maioria dos grandes produtores foi embora, e os que sobraram estão cambaleando aqui.
Acho que muito dessa decadência veio da falta de corrigir o solo, do cultivo repetido na mesma área, que acabou levando a uma queda na produção. Muitos foram para outros locais com solo mais fértil, como Atibaia.
O cultivo de banana está ameaçado também. Nos anos oitenta e noventa, praticamente só havia banana aqui no litoral. Hoje já plantam em Santa Catarina, Minas Gerais, Nordeste... E tem a sigatoca negra, que veio lá do Equador. A pulverização agora é uma necessidade.
Muita gente está abandonando o chuchu e a banana e tentando outras coisas, como o Antúrio.
Pergunta: O senhor pensa em ir embora daqui?
Coiti: Já faz cinquenta anos que estamos aqui, mas às vezes a gente pensa sim. Está cada vez mais difícil nos manter aqui, e meu filho vive dizendo pra eu vender este sítio e ir embora, morar perto dele.
Coiti: Já faz cinquenta anos que estamos aqui, mas às vezes a gente pensa sim. Está cada vez mais difícil nos manter aqui, e meu filho vive dizendo pra eu vender este sítio e ir embora, morar perto dele.
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