Esse texto é de um grande poeta-filósofo que observa, desde tempos imemoriais, do alto de suas torres como uma gárgula, a movimentação incongruente das pessoas que se movem, como formigas, e deixam trajetórias sempre tristes e irrefletidas. Já teve muitos nomes, mas hoje encarna a figura do Zumbizero. Direto das ruas de Araçatuba, a implacável escrita deste notável:
Ladeira
I
Pegue embalo na ladeira, vá perdendo altitude, caia na realidade, conheça a magnitude do abalo que embala as estruturas da cidade, onde o homem acordado sonha com a felicidade, e essa fantástica utopia vai comprando a prestação, de vida a caixa vazia ausente em presente ilusão a alma vendida ao diabo enquanto o corpo busca paz e imagina o horizonte com medo de olhar para trás.
Pegue embalo na ladeira, vá perdendo altitude, caia na realidade, conheça a magnitude do abalo que embala as estruturas da cidade, onde o homem acordado sonha com a felicidade, e essa fantástica utopia vai comprando a prestação, de vida a caixa vazia ausente em presente ilusão a alma vendida ao diabo enquanto o corpo busca paz e imagina o horizonte com medo de olhar para trás.
E alêm do mais, teu sonho alimenta a cidade, esse monstro que se cria ao devorar dignidade.
II
Por entre ruas sempre cheias de pessoas tão vazias, caminhando sós e alheias dentro de suas fantasias, fora da realidade submerge a multidão que persegue cega as rédeas da própria corrupção, entre o som do vozeirio desvairado e delirante que dilui o individuo numa massa dissonante que com pedras molda o mundo a primitivos ideais e arranha o céu com seus altares feitos de nobres metais.
Por entre ruas sempre cheias de pessoas tão vazias, caminhando sós e alheias dentro de suas fantasias, fora da realidade submerge a multidão que persegue cega as rédeas da própria corrupção, entre o som do vozeirio desvairado e delirante que dilui o individuo numa massa dissonante que com pedras molda o mundo a primitivos ideais e arranha o céu com seus altares feitos de nobres metais.
E alêm do mais, teu sonho alimenta a cidade, esse monstro que se cria ao devorar dignidade
III
E um grande circo então se arma em torno da sociedade e embriagando-se os sentidos patrocina-se a vontade do anuncio que propaga na armadilha cintilante as cores vivas do néon atraindo o destino errante, pelo atalho na corrida que organiza o vencedor, cada qual aposta a vida ou guarda em frascos seu suor, vendo o desejo com o tempo sem valor frente a razão mostrar-lhe o pescador de outrora preso a rede da ilusão.
E um grande circo então se arma em torno da sociedade e embriagando-se os sentidos patrocina-se a vontade do anuncio que propaga na armadilha cintilante as cores vivas do néon atraindo o destino errante, pelo atalho na corrida que organiza o vencedor, cada qual aposta a vida ou guarda em frascos seu suor, vendo o desejo com o tempo sem valor frente a razão mostrar-lhe o pescador de outrora preso a rede da ilusão.
Este texto, e outros do mesmo jaez, podem ser fruidos no blog original do Zumbizero:
Eis alguêm que abriu os olhos para o que faz e viu o que fez com os olhos fechados!!!
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