"A história é a descrição do individual através dos universais": a afirmação de Paul Veyne designa claramente uma das tensões mais importantes com a qual se defronta o conhecimento histórico, habituado a manejar, como se elas fossem evidentes, categorias aparentemente estáveis e invariáveis. Os objetos históricos, quaisquer que sejam, não são "objetos naturais" em que apenas variariam as modalidades históricas de existência. Não existem objetos históricos fora das práticas, móveis, que os constituem, e por isso não há zonas de discurso ou de realidade definidas de uma vez por todas, delimitadas de maneira fixa e detectáveis em cada situação histórica: "as coisas não são mais do que as objetivações de práticas determinadas, cujas determinações é necessário trazer à luz do dia" É apenas ao identificar as partilhas, as exclusões, as relações que constituem os objetos em estudo, que a história poderá pensá-los, não como figuras circunstanciadas de uma categoria supostamente universal, mas, pelo contrario, como "constelações individuais ou mesmo particulares".
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