Os protestos anti-Dilma, pró-Impeachment, estão nitidamente
encaixados no lado errado da história. Não tenham dúvidas que o futuro vai
qualificar negativamente esse movimento. “Corrupção” é algo tão vago quanto
crônico e endêmico: não é privilégio do PT.
O que está em jogo é outra coisa; a “classe média” de SP e
do sudeste, fruto de um desenvolvimento histórico muito próprio da região
(descendentes de imigrantes pobres que no início do século XX vieram para o
país em busca de novas oportunidades), não está se conformando com o fato de
que o governo PT (corrupto tanto quanto qualquer outro antes e depois dele, em
qualquer parte do país e do mundo) ter estendido às camadas mais pobres da
população, historicamente afastadas dos benefícios, o acesso a coisas que antes
não tinham. Trocando em miúdos, a classe média brasileira, que se acha superior
em todos os sentidos, está ressentida pelo fato de que os seus antigos
serviçais agora tenham acesso ao que antes era seu privilégio: carros, casas,
direitos trabalhistas, acesso às leis, etc. Veja esta capa da VEJA, órgão mais
veementemente clarificador da mentalidade desse segmento social (e obtusamente
carente de autocrítica):
Esconde-se (de forma nada sutil) um lamento pelo fato
de que as mulheres das classes menos favorecidas estejam tendo acesso a outros
tipos de emprego, ao ensino superior, a oportunidades que antes eram reservadas
apenas às ”moças de família”. Trocando em miúdos ainda menores: os protestos
anti PT, anti Dilma, são fruto de um profundo egoísmo de classe, que não aceita
que outros segmentos tenham acesso aos direitos integrais da cidadania. E isso
não passará despercebido aos historiadores do futuro. Essa recusa, esses
protestos, estão profundamente errados. São manifestação do mais nítido
sentimento de superioridade racial, de classe, de gênero, que se pode conceber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário