terça-feira, 18 de janeiro de 2011


ESTUDO DE CASO - O ANTIGO LIXÃO DO BAIRRO ROCIO - IGUAPE





Um exemplo local dos impactos causados pela deposição irracional de resíduos sólidos domésticos pode ser encontrado no Bairro Rocio, em Iguape. Nos limites dessa região, às margens da Rodovia Ivo Zanello (SP – 222), existe um local que durante vários anos foi usado como lixão, e recebeu toneladas de lixo sem qualquer tratamento ou critério. Por todo o perímetro podemos perceber uma grande quantidade de resíduos, mais visivelmente plásticos semi-enterrados no solo. Num dos lotes, pudemos observar um “recorte” no solo, onde o morador pretende instalar manilhas para canalizar um fluxo de água. Observando as camadas de terra à mostra, nota-se uma grande variação de tonalidade do solo, que talvez indique uma contaminação por resíduos de lixo.
Os moradores da região relatam como é viver com um “vizinho” tão incômodo. Tiago de Morais Ribeiro, 20 anos, vive no local desde 1998, e conta que até 4 anos atrás a região ainda recebia lixo da cidade inteira diariamente. Ele mostra plantações de banana e mandioca vizinhas à sua casa, e comenta que as plantas podem estar contaminadas por resíduos do lixo no solo. Observando o pavimento da rua, onde ficam as marcas de passagens de veículos, podemos perceber a presença de uma infinidade de resíduos plásticos oriundos do lixo, que afloram à superfície com o desgaste das rodas de veículos e da chuva.
Vários habitantes dessa região consomem água proveniente de poços. Um deles, Adriano Cruzado, 51, relata que não bebe a água que obtém do poço, porque ela apresenta cheiro forte. Usa o líquido, que retira de um poço semi-artesiano com o uso de uma bomba manual, apenas para lavagem e irrigação. Ele prefere buscar a água que bebe na cidade, em galões. Conta também que quando se mudou para o terreno onde vive, retirou da terra várias camadas de lixo acumulado. Diz também que, para muitas pessoas, ainda existe a cultura de enxergar o local como depósito de lixo. Relata que há cerca de seis meses alguém atirou grande quantidade de restos de peixes (manjubas) e de frutos do mar (caranguejos) no terreno vizinho ao seu, o que ocasionou forte mau cheiro.
O problema do manejo dos resíduos produzidos pela sociedade humana é antigo e complexo. Desde tempos remotos o homem vem lidando com seu lixo de maneira irracional. Arqueólogos que estudam restos de vilarejos da Antiguidade encontram às vezes diversos metros de camadas de lixo soterrando as casas.
Mas, a partir da segunda metade do século passado, a questão se tornou mais grave, já que os avanços na indústria química passaram a gerar um novo tipo de lixo, artificialmente criado pelas mãos humanas, com alto potencial de toxicidade e longo ciclo de degradação.
O exemplo abordado no estudo de caso é bastante ilustrativo. Pelo que pudemos constatar a partir da observação superficial da área e através dos relatos dos moradores, o lixo presente no subsolo da região é um transtorno, e talvez uma ameaça para a saúde das pessoas e do meio ambiente.
Para avaliar o real impacto que este lixão proporciona para o local, seria necessário realizar análises mais detalhadas em amostras de solo, água, plantas e nas pessoas moradoras da região.

COLETA SELETIVA - IGUAPE
ASSOCIAÇÃO DE CATADORES NOVO HORIZONTE DE IGUAPE

A Associação foi fundada em 2002, tendo entrado em funcionamento no dia 22 de setembro daquele ano. De início houve cooperação entre a Associação e órgãos públicos como a Prefeitura Municipal e o Colégio Técnico Agrícola, que trabalharam conscientizando a população sobre a importância da coleta seletiva e dos procedimentos de separação do lixo doméstico.
Atualmente, de acordo com o presidente da Associação, João Amaro da Costa Filho, a entidade trabalha sem respaldo de qualquer outro órgão. Oito pessoas estão ligadas à cooperativa, trabalhando na coleta, triagem e compactação do material reciclável. O lucro obtido com a venda desse material é rateado entre os associados.
João relata a existência de catadores clandestinos, que priorizam apenas a coleta de materiais com alto valor de comércio (como alumínio e papelão), e acabam jogando outros materiais em terrenos baldios e áreas de mata nas bordas da cidade.
A coleta da associação resulta em uma média e 500 a 600 quilos por dia. Nas terças-feiras o trator da entidade percorre 120 km na cidade, coletando 700 quilos de material reciclado. Apenas 120 casas acondicionam apropriadamente o material reciclável. Muitas vezes há a necessidade de separar o material reciclável de lixo orgânico, que são misturados pelos moradores.
Uma vez coletado, o material passa por uma triagem, depois é compactado em uma prensa industrial (a associação possui duas) e então destinado ao comércio. O presidente da associação conta que o material é vendido para empresas em diversas partes do Brasil (Sorocaba, Rio de Janeiro, cidades do Estado de Santa Catarina, entre outras). No final do processo o material é reciclado e reutilizado pelas indústrias. O lixo orgânico incorretamente acondicionado junto com os recicláveis é separado e recolhido pelo serviço de coleta da prefeitura Municipal.
João Amaro revela que o principal problema enfrentado pela cooperativa é a falta de conscientização da população sobre os procedimentos de separação do lixo reciclável. Ele sugere que haja campanhas de divulgação desses procedimentos, assim como a criação de leis que regularizem o descarte do lixo urbano domiciliar e comercial.

Este aqui publiquei em 04/10/2008. A imagem é de minha autoria

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