O quadro de Edvard Munch, "O grito", certamente é uma expressão canõnica dos grandes temas modernistas da alienação, da anomia, da solidão, da fragmentação social e do isolamento - um emblema programático virtual do que se costuma chamar a era da ansiedade. Ele será lido aqui como uma materialização não apenas da expressão desse tipo de afeto, mas, principalmente, como uma desconstrução virtual da própria estética da expressão, a qual parece ter dominado muito do que chamamos de alto modernismo, mas queparece ter desaparecido - por razões teóricas e práticas - do mundo do pós-moderno. De fato, o próprio conceito de expressão pressupõe uma separação no interior do sujeito e, também, toda uma metafísica do dentro e do fora, da dor sem palavras no interior da mõnada, e o momento em que, no mais das vezes de forma catártica, aquela "emoção" é então projetada e externalizada, como um gesto ou grito, um ato desesperado de comunicação, a dramatização exterior de um sentimento interior.
Fredric Jameson
Fredric Jameson
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