“- Você acha que
Gandhi se interessava pela arte? – perguntei.
-
Gandhi?
Não, claro que não.
-
Creio que
tem razão – concordei. – Nem pela arte, nem pela ciência. E foi por isso que
nós o matamos.
-
Nós?
-
Sim, nós.
Os Inteligentes, os ativos, os previdentes, os devotos da Ordem e da Perfeição.
Enquanto que Gandhi era um reacionário que acreditava apenas nos homens.
Sujeitinhos esquálidos governando-se por si, aldeia por aldeia, e adorando
Brama que é também Atmã. Era intolerável. Não é para admirar que tenhamos dado
cabo dele.”
Pgs 5 – 6.
“ E o medo, meus bons amigos, o medo é a própria base e fundamento da
vida moderna. Medo da tão apregoada tecnologia que, enquanto eleva o nosso
padrão de vida, aumenta a probabilidade de nossa morte violenta. Medo da
ciência que arrebata com uma das mãos ainda mais do que prodigamente distribui
com a outra. Medo das instituições manifestadamente fatais pelas quais, em nossa
lealdade suicida, estamos prontos a matar ou morrer. Medo dos Grandes Homens
que elevamos, por aclamação popular, a um poder que eles usam, inevitavelmente,
para nos massacrar e escravizar. Medo da guerra que nós não queremos e todavia
tudo fazemos para desencadear.”
Pg 35.
“Tragédia é a farsa que envolve as nossas simpatias, farsa, a tragédia
que sucede aos que nos são estranhos.”
Pg 41.
HUXLEY, Aldous. O
Macaco e a Essência. 4º edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1971.
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