sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Huxley




“- Você acha que Gandhi se interessava pela arte? – perguntei.
-          Gandhi? Não, claro que não.
-          Creio que tem razão – concordei. – Nem pela arte, nem pela ciência. E foi por isso que nós o matamos.
-          Nós?
-          Sim, nós. Os Inteligentes, os ativos, os previdentes, os devotos da Ordem e da Perfeição. Enquanto que Gandhi era um reacionário que acreditava apenas nos homens. Sujeitinhos esquálidos governando-se por si, aldeia por aldeia, e adorando Brama que é também Atmã. Era intolerável. Não é para admirar que tenhamos dado cabo dele.”
Pgs 5 – 6.


“ E o medo, meus bons amigos, o medo é a própria base e fundamento da vida moderna. Medo da tão apregoada tecnologia que, enquanto eleva o nosso padrão de vida, aumenta a probabilidade de nossa morte violenta. Medo da ciência que arrebata com uma das mãos ainda mais do que prodigamente distribui com a outra. Medo das instituições manifestadamente fatais pelas quais, em nossa lealdade suicida, estamos prontos a matar ou morrer. Medo dos Grandes Homens que elevamos, por aclamação popular, a um poder que eles usam, inevitavelmente, para nos massacrar e escravizar. Medo da guerra que nós não queremos e todavia tudo fazemos para desencadear.”
Pg 35.


“Tragédia é a farsa que envolve as nossas simpatias, farsa, a tragédia que sucede aos que nos são estranhos.”
       Pg 41.


HUXLEY, Aldous. O Macaco e a Essência. 4º edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.

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