terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Luiz Felipe Pondé e o ofício do professor

Foi publicado ontem no jornal Folha de São Paulo um artigo de Luiz Felipe Pondé que faz considerações sobre o ato de ensinar. Bastante perturbador pelas afirmações pouco otimistas e por apontar coisas que todos sentimos mas nunca dizemos... A íntegra pode ser lida em http://integras.blogspot.com/2010/01/quem-cre-que-educacao-cria-novos-seres.html. Posto abaixo um trecho selecionado:


"Acreditar na educação é crer que com ela criamos novos seres humanos. Isso não acontece porque a maioria de nós professores, como todo mundo, ganha menos do que queria, é mais infeliz do que esperava, é mais sozinho do que sonhava, é muito menos importante do que imaginava. Esse não costuma ser um perfil indicado para "criar novos seres humanos" porque nele facilmente brota o rancor, o fracasso, a inveja e, por isso mesmo, a mentira.
A maioria de nós acabou como professor por falta de opção ou ilusão juvenil ou incapacidade de enfrentar o mercado profissional ou porque sonhava em ser um novo Marx ou um novo Freud. Quem crê que a educação cria novos seres humanos o faz para disfarçar seu cotidiano ordinário, é uma mentira contada a si mesmo todo dia.
O conhecimento é um risco e não uma ferramenta de alegria. Um fardo, uma dádiva de um Deus que parece torturar os covardes ou uma sequela de uma seleção natural sonambúlica e cruel. A educação é um ofício que nos prepara para nosso destino. Uma conversa infinita entre mortos e vivos sobre o enfrentamento desse fardo, que nos une a todos no mesmo tecido cego."
Foto: arquivo pessoal

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