"Encontrar merecimento num borrão, ou atribuir
beleza às perversões do gosto, da forma ou do motivo inspirador é o mesmo que
encontrar beleza nas perversões físicas.
Por que nenhum poeta canta e nenhum pintor pinta as
vísceras humanas, o interior do corpo, uma placenta, um corte de músculos, um feixe
de nervos?
Por que ninguém jamais se lembrou de desenhar a
coluna vertebral como ela é interiormente e segundo vista por um anatomista?
E, no entanto, tudo isso existe. As vísceras
existem, os músculos, os nervos, a placenta e a coluna vertebral.
A razão é simples. Nada disso dá emoção, embora a
imagem de qualquer dessas partes vivas do organismo, colaboradoras todas elas
do ritmo da vida, evoque uma série de reações e sensibilidades.
A beleza do olhar não está na função visual, na
córnea ou na íris, mas na expressão dos olhos."
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