quarta-feira, 8 de abril de 2009


O Reino de Preste João e o mito da Fonte da Juventude

A vitória dos cristãos na Primeira Cruzada (1095) durou pouco. Em 1144 os muçulmanos retomaram o controle da região da Palestina. Nessa época, um alemão chamado Oto Babenberger, bispo de Freising, começou a espalhar um boato de que um cristão ainda resistia aos inimigos: o Preste João. Foi dessa forma que o mito de Preste João "entrou" na História, ou seja, pelas mãos de Oto de Freising. O bispo foi além: já na corte de Frederico I falsificou uma carta, que teria sido enviada em 1150 por Prestes João ao imperador bizantino Manuel I Comneno (1143-1180), ao papa e ao próprio Frederico I.
A notícia dessa suposta carta que contava as maravilhas do reino de Preste João espalhou-se pela Europa. Até o século XV foram feitas várias traduções e cópias. Suas diferentes versões descrevem as maravilhas de seu reino. Jóias corriam nos rios, o palácio do Preste João abrigava 30.000 pessoas à mesa, todos os dias “... não contando com os forasteiros que chegam ou partem. E todos eles recebem em cada dia, da nossa câmara, ajudas de custo quer em cavalos quer em outras espécies” (Carta do Preste João das Índias. Versões Medievais Latinas, 1998: p. 82).
Seu palácio era ricamente decorado. Teto de cedro, cobertura de ébano, em seu cume dois pomos de ouro, portas de sardônica, janelas de cristal, mesas de ouro e ametista com colunas de marfim. Além disso, existiam seres fantásticos: “bois selvagens, sagitários, homens selvagens, homens com cornos, faunos, sátiros e mulheres da mesma raça, pigmeus, cinocéfalos, gigantes, cuja altura é de quarenta côvados, monóculos, ciclopes e uma ave que chamam fênix e quase todo o gênero de animais que existem debaixo do céu.” (Carta do Preste João das Índias, p. 56)
Preste João tinha um aspecto jovem, “apesar de ter então 562 anos de idade” (FRANCO JR., 1992: p. 39-40), porque banhava-se na própria Fonte da Juventude. A carta situa a Fonte num bosque, no sopé do monte Olimpo, não muito longe do Paraíso “de onde Adão foi expulso”: “Se alguém beber em jejum três vezes dessa fonte, a partir desse dia nunca mais sofrerá de qualquer doença e será sempre, enquanto viver, como se tivesse trinta e dois anos de idade” (Carta do Preste João das Índias, p. 64-66).
Quando atingiam os cem anos de idade, os homens rejuvenesciam bebendo da água da Fonte, até completarem 500 anos, quando então morrem, e, por tradição, são enterrados juntos de árvores que possuem folhas que nunca caem e são duríssimas. “A sombra dessas folhas é agradabilíssima e os frutos dessas árvores de suavíssimo odor” (Carta do Preste João das Índias, p. 68).

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