sexta-feira, 17 de abril de 2009

P.D. - Federação Russa


Mais material para desenvolver esse tema. Extraído do jornal Folha de São Paulo (17/04/2009 - página A13)



Rússia encerra operação na Tchetchênia
Medida deve remover 20 mil militares da região e fortalecer politicamente líder local, aliado do Kremlin

DA REDAÇÃO


A Rússia anunciou ontem o fim de sua operação de contraterrorismo na Tchetchênia. Iniciada em 1999, no início da segunda guerra separatista travada na região de maioria muçulmana nos últimos 15 anos, a ação russa impunha toques de recolher, restrições a voos civis e ao trabalho de jornalistas, entre outras medidas repressoras.A ordem do presidente Dmitri Medvedev abre caminho para a retirada de cerca de 20 mil homens do Exército posicionados na república-membro da Federação Russa, situada no sudoeste do país. Moscou não divulga oficialmente o total de seu contingente na Tchetchênia, mas analistas trabalham com a cifra de 40 mil militares.Na praça central da capital tchetchena, Grozni -cidade descrita pela ONU como "a mais destruída do mundo" em 2004, mas que desde então passa por um processo de reconstrução-, as pessoas ontem celebravam com bandeiras da Rússia e da Tchetchênia.Entre os que festejavam dançando estava Ramzan Kadyrov, o presidente tchetcheno. Ex-ativista pela separação e atualmente respaldado pelo Kremlin, é ele quem mais deverá lucrar com o fim da operação russa de contraterrorismo."É uma vitória sobre o mal, que combatemos nos últimos 15 anos", declarou ele. "Uma pacífica e próspera república tchetchena na família unida dos povos da Rússia é o nosso rumo estratégico no futuro."Kadyrov disse que o aeroporto de Grozni logo será aberto para voos e comércio internacionais -o que, segundo ele, ajudará a atrair investimentos de países árabes e europeus.O crédito por atrair investimento russo para a reconstrução de Grozni e por controlar a militância separatista -cooptando antigos ativistas a ingressarem em suas temidas equipes de segurança- fez crescer a popularidade do tchetcheno.Entretanto, a Tchetchênia permanece apontada por entidades humanitárias como palco de abusos. A milícia de Kadyrov é acusada de sequestro, tortura e assassinato."Divisor de águas"Para a Anistia Internacional (AI), a decisão de ontem deve ser seguida de investigação independente de violações cometidas por russos e tchetchenos."O verdadeiro divisor de águas do retorno à normalidade é dar às pessoas o que esperam por mais de uma década: elas querem a verdade e justiça. Elas querem saber o paradeiro de amigos e parentes desaparecidos e que os responsáveis sejam identificados e punidos", declarou Irene Khan, secretária-geral da AI.Ela não foi a única a receber com reservas o anúncio de ontem. Arkady Babchenko, ex-soldado russo, veterano das duas Guerras da Tchetchênia e autor de um livro sobre as atrocidades cometidas nos confrontos que deixaram cerca de 100 mil mortos, escreveu no britânico "Guardian" que o fim da operação "é puramente uma jogada populista"."Significa só uma coisa: que o Kremlin coroou Kadyrov para reinar na região e deu a ele plena liberdade como o mestre da Tchetchênia, um lugar onde uma coisa já está bem clara, sua palavra é a lei", declarou Babchenko, para quem o líder tchetcheno não deixa aos que discordam dele outra alternativa além de pegar armas e conspirar nas montanhas.



País precisa de pluralismo, diz Medvedev
DA REDAÇÃO


O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, criticou ontem medidas restritivas à liberdade de expressão tomadas pelo seu antecessor, Vladimir Putin, atual primeiro-ministro russo, e afirmou que seu país se beneficiaria de maior competição na arena política.Há um ano no poder, Medvedev foi pessoalmente escolhido por Putin para sucedê-lo.Num encontro com representantes da sociedade civil divulgado ontem pelo Kremlin, o dirigente criticou uma lei aprovada por Putin que dificulta a regularização e impõe controles contábeis severos sobre organizações civis na Rússia. Ele disse que mudanças na lei são não só "possíveis, como necessárias". A Rússia, disse ainda, precisa ter vozes dissonantes. "É preciso que exista uma competição política maior; isso é insubstituível."

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