“Em cada esquina desse bairro fala-se uma língua estranha e ostenta-se um hábito disparatado. Em cada rua, exibe a sua tradição um povo diferente. Em cada praça, brincam chusmas de garotos peraltas e desbocados, produto desta feira de povos. E nos dias de férias escolares, então, o Brás, num grande desejo patriótico de patentear a sua extraordinária proliferação de bom povoador de solo, exibe nas praças e nas ruas o seu incansável esforço genésico, representado em magote de crianças de todo feitio e tamanho. E o Brás é bem uma possessão italiana encravada no flanco da Paulicéia... O Brás, visto cá do auto à luz do dia, é uma pincelada berrante de Zarcão, onde as trompas imponentes das chaminés das suas fábricas expelem, numa ejaculação insistente para o alto, atropelados rolos de fumaça. Tem a aparência de um anfiteatro em combustão, gerando em seu seio um monstro apocalíptico”
FLOREAL, Sylvio - Ronda da meia noite. Vícios, misérias e esplendores da cidade de São Paulo. S.P: Tipografia Cupolo, 1925. P.25. (apud. FLORINDO)
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