quarta-feira, 20 de maio de 2009

O nazifascismo na sala de aula: um tema delicado




É comum, quando se analisa o nazifascismo, incorrer na tentação de demonizar os líderes desses movimentos, responsabilizando-os quase exclusivamente pelos males causados por suas delirantes concepções. Essa visão maniqueísta é bastante ressaltada pelos meios de comunicação de massa, e é ela que os alunos trazem para a sala de aula. Não se trata aqui de inocentar Hitler e Mussolini, mas apontar que eles foram agentes que souberam incorporar um sentimento que estava no ar.
Cabe ao professor de história ampliar esse debate, arrolando o feixe de fatores que levaram à ascensão dessas doutrinas políticas radicais. A falência do calitalismo liberal, a incapacidade do sistema democrático em arbitrar os problemas sociais, a onipresença do racismo "científico", que permeava as mentalidades de pessoas do mundo todo, inclusive no Brasil (como o célebre Monteiro Lobato, entusiasta da eugenia). Sem falar no papel do comunismo, também em ascensão no período, levando as elites ao pânico, tornando-as fomentadoras dos radicalismos da ultra-direita. Todas essas considerações podem ser encontradas de maneira mais elaborada na obra de Mark Mazower, intitulada "O Continente Sombrio", que se dedica a apontar os erros e omissões da Europa democrática no período entreguerras.
Clarificar cada um desses pontos serve para enriquecer a discussão.
Também contribui para avivar o debate a análise de trechos das obras de Hitler e de Mussolini, que mostram de maneira contundente as ideologias em ação.
Mas sem dúvida o que mais marca nesse tema é a questão do antissemitismo alemão, fartamente ilustrado em obras cinematográficas belíssimas e impactantes, como "A Lista de Schindler" e "O Pianista". Usá-las como ferramentas pedagógicas, no entanto, exige muito tato, uma vez que trazem passagens chocantes de violência gráfica explícita, que podem indispor os espectadores mais sensíveis. A intenção dos diretores era exatamente esta, creio, uma vez que desejavam expor os horrores do holocausto a uma sociedade que tende ao esquecimento crônico e à repetição dos males e erros passados.
Particularmente, prefiro usar a obra de Roman Polanski, que pelo menos tem um fim positivo e uma mensagem de esperança.
Todos os anos, quando concluo a abordagem desse tema, torço para que ele sirva como uma "vacina", inoculando a aversão à intolerância de todo tipo em nossos jovens.

Um comentário: