sexta-feira, 2 de junho de 2017

Espaços de memória e dogmatização


“Comumente associados a dispositivos disciplinares que determinam o que deve ser conhecido, os museus também são tomados como espaços de memória e dogmatização e como instituições representantes das elites e seus valores dominantes. Ao considerar os aspectos políticos e ideológicos inerentes às atividades de seleção, preservação e exposição de objetos, é possível compreender as performances culturais que essas instituições efetuam e a maneira com que estão relacionadas com as narrativas patrimoniais produzidas em cidades históricas.Assim, uma compreensão mais detalhada do papel performático que essas instituições desempenham ao produzir significados e discursos de representação, contribui para uma reflexão crítica acerca do papel social dos museus e para a elaboração de processos museológicos que contemplem a diversidade cultural. Não obstante as considerações sobre a nova Museologia terem ampliado significativamente a margem de ação dos museus, promovendo a maior participação da comunidade nos processos museológicos realizados, o que se vê ainda são modelos de museus que não se atentam para a retribuição democrática das heranças culturais que essas instituições salvaguardam. As performances culturais que executam ao colocarem em prática o processo museológico, frequentemente se encontram desconectadas dos usos sociais do patrimônio não produzindo ressonância frente a comunidade local, caracterizando-se mais como espetáculos a favor da dogmatização e homogeneização culturais. 
Mana Marques Rosa,
SISTEMA MUSEOLÓGICO: POR UMA ETNOGRAFIA DOS MUSEUS NA CIDADE DE GOIÁS (GO). Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (PPGAS/UFG); GOIÂNIA, 2016.
p. 121-122.

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