segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O gênio da multidão – Charles Bukowski

Há traição que chegue,
odiosa
Absurda violência no ser humano
comum
Para abastecer qualquer exército em qualquer
dia.
E Os Melhores em matar São Aqueles
Que Pregam Contra Isto.
E Os Melhores em Odiar São Aqueles
Que Pregam o AMOR
E OS MELHORES NA GUERRA
— POR FIM — SÃO AQUELES QUE
PREGAM
A PAZ
Aqueles Que Pregam em nome de DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles que Pregam A PAZ
Não Têm Paz.
AQUELES QUE PREGAM O AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidado com Os Conhecedores.
Cuidado
Com Aqueles
que SEMPRE
ESTÃO LENDO
LIVROS
Cuidado com Aqueles Que Detestam a
Pobreza Ou Se Orgulham Dela
CUIDADO Com os Que São Rápidos em Pregar
Por Que são os Que Precisam de PRECES em troca
CUIDADO Com Aqueles Rápidos em Censurar:
Eles Têm Medo Do Que
Não Conhecem
Cuidado Com os Que Buscam Multidões
Constantes; Eles Não São Nada
Sozinhos
Cuidado Com
O Homem Comum
A Mulher Comum
CUIDADO Com o Amor Deles
O Amor Deles É Comum, Busca o
Comum
Mas Há Gênio No Modo Como Odeiam
Há Gênio Suficiente em Seu
Ódio Para Matar Você, Para Matar
Qualquer Um.
Por Não Desejarem a Solidão
Por Não Entenderem a Solidão
Tentarão Destruir
Tudo
Que Seja Diferente
Deles Mesmos
Por Serem Incapazes
De Criar Arte
Eles Não
Entenderão a Arte
Considerarão o Próprio Fracasso
Como Criadores
Somente Como Uma Falha
Do Mundo
Por Serem Incapazes De Amar Por Inteiro
ACREDITARÃO Que o Amor que Você Sente É
Incompleto
E ASSIM ELES ODIARÃO
VOCÊ
E o Ódio Deles Será Perfeito
Como Um Diamante Iridescente
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta
A Mais Fina de Suas
ARTES

Trad. Pedro Gonzaga

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