Hal Foster - The "Primitive" Unconscious of Modern Art, or White Skin Black Masks, p. 191.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
On MoMA, aber auch über fast alle Kunstmuseums, oder Museus im allgemein
Hal Foster - The "Primitive" Unconscious of Modern Art, or White Skin Black Masks, p. 191.
terça-feira, 8 de agosto de 2017
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Roberto Schwarz: As contradições de Maurício Segall
Em depoimento de homenagem, Roberto Schwarz escreve sobre as contradições armazenadas na figura ímpar do recém-falecido Maurício Segall.
Publicado em 02/08/2017 // 1 comentário

Por Roberto Schwarz.
Vou ser breve. Para entender a pessoa de
Maurício Segall é preciso, na minha opinião, considerá-lo como um pacote
explosivo de tensões. Por um lado, descendente de uma família rica e
filho de Lasar Segall, um dos grandes pintores de nosso tempo. Por
outro, comunista convicto e radical, numa acepção nobre, que vai além da
filiação partidária e que a evolução histórica do comunismo deixou sem
base.
Essa bomba de contradições é tornada mais
potente por um temperamento vulcânico, à moda russa, e pelo desejo
exasperado de integridade e de coerência. Tudo isso misturado, mais a
extraordinária energia física, fizeram dele um homem evidentemente de
exceção. O seu aspecto grão-burguês aparecia na naturalidade com que
mandava e na sobriedade “no nonsense” com que considerava as
questões de interesse material. A verdade é que, entre o materialismo de
proprietário e a clareza do administrador de esquerda, responsável pelo
governo de uma instituição, havia mais coisas em comum do que
costumamos admitir.
Por sua vez, a devoção ao acervo
pictórico do pai, tratado como um patrimônio da humanidade, da cidade ou
da nação, e não da família, não tinha nada de burguesa. A generosidade
com que ele e o irmão financiaram o museu, ao qual doaram as suas
coleções Segall, de grande valor, além de imóveis e dinheiro, pertence a
um mundo surpreendente, sem mesquinharia, em que a arte conta mais do
que a propriedade.
Quanto à vertente comunista, ela se
manifestava na concepção mesma do museu. A orientação pró-moderna mas
antimercantil, empenhada na deselitização da cultura, bem como a
organização democrática, em que os funcionários têm voz e iniciativa,
apontavam para além do capitalismo. Chegados aqui, não há como não
mencionar que esses aspectos avançados da posição de Mauricio e do museu
foram historicamente derrotados pelo curso geral do mundo, que tomou o
rumo do aprofundamento da mercantilização, inclusive e notadamente da
cultura.
Para dar uma ideia do teor de conflito
nas posições de Maurício, vou contar uma anedota. Estávamos os dois
passeando na praia, quando chegamos a um conjunto de pedras enormes, que
o acaso havia equilibrado de maneira esplêndida. Cometi a imprudência
de observar que o conjunto, embora sem assinatura de artista, competia
com a escultura moderna. A resposta veio amarga e exaltada: o arranjo
natural das pedras era superior a qualquer obra de arte, pois era
acessível a todo mundo, sem o ranço elitista de museus e exposições e
sem o esnobismo e a competitividade de todo trabalho artístico. Por um
momento breve mas lancinante, aí estavam as injustiças da sociedade de
classes, que não perdoam, anulando o trabalho de vida inteira do criador
de um museu modelo de democracia. Frente à beleza das pedras e à
inaceitável desigualdade social, que subitamente se traduziam em raiva
da arte, a dedicação meticulosa e amorosa à obra do grande pintor Segall
ficava mal parada. Tivemos que espichar o passeio para que Mauricio
recuperasse a calma.
Para concluir meu depoimento, quero falar
na solidariedade de Mauricio com os amigos perseguidos pela ditadura,
solidariedade da qual eu mesmo me beneficiei para sair do Brasil.
Enquanto não foi agarrado ele próprio pela repressão, Mauricio ajudou de
muitas maneiras a luta contra a ditadura, às vezes com risco de vida.
Com sua perícia no volante e energia de touro, ele perguntava pouco e
estava sempre disponível para fazer a longa viagem de automóvel de São
Paulo à fronteira do Uruguai, para ajudar alguém a fugir. Dezesseis
horas de ida, três de descanso e mais dezesseis de volta – e a vida
continuava.
* Texto publicado originalmente no dia 2
de agosto de 2017 na Folha de São Paulo, por ocasião da morte de
Maurício Segall. Uma versão deste depoimento foi gravada na sexta-feira,
dia 28/7, por ocasião das comemorações dos 50 anos do Museu Lasar
Segallterça-feira, 4 de julho de 2017
Art museums teach us what to see when we look at art. As the guardians of
the world’s artistic treasures, they provide opportunities to see things that might
otherwise be lost or forgotten; they encourage public appreciation of art, preserve
essential scholarly skills, and foster historical research. But museums create
as well as conserve. They establish the explanatory frames within which
individual objects can be understood; they a·rm artistic signiμcance—indeed,
they help us to decide what is and is not art. As the conservators and creators
of artistic value, museums are also expressions of power—the political and
economic power of those who build them, the professional power of those
who deμne their mission and shape their collections, and the social power of
those upon whom they depend for sustenance and support. Museums everywhere
have certain things in common, but they are also shaped by their historical
settings; they have, in other words, histories of their own besides the
manifest narrative that their collections are organized to impart.1
the world’s artistic treasures, they provide opportunities to see things that might
otherwise be lost or forgotten; they encourage public appreciation of art, preserve
essential scholarly skills, and foster historical research. But museums create
as well as conserve. They establish the explanatory frames within which
individual objects can be understood; they a·rm artistic signiμcance—indeed,
they help us to decide what is and is not art. As the conservators and creators
of artistic value, museums are also expressions of power—the political and
economic power of those who build them, the professional power of those
who deμne their mission and shape their collections, and the social power of
those upon whom they depend for sustenance and support. Museums everywhere
have certain things in common, but they are also shaped by their historical
settings; they have, in other words, histories of their own besides the
manifest narrative that their collections are organized to impart.1
rafael braga

Condenação de Rafael Braga gera revolta
Rafael Braga, único preso das manifestações de junho em razão do porte de pinho sol, foi condenado pelo juiz Ricardo Coronha Pinheiro a 11 anos e três meses de prisão, além do pagamento de R$ 1.687. Rafael foi supostamente flagrado na posse de 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um rojão. Ele nega todas as acusações e afirma que o material foi plantado pelos policiais responsáveis pelo flagrante. Já os depoimentos dos policiais foram a única base para condenação. Leia a sentença na íntegraNão só o magistrado condenou exclusivamente com base nas palavras de policiais, como também se recusou a considerar o depoimento da vizinha de Rafael que afirmou ter visto os policiais agredi-lo. Evelyn Barbara, em depoimento prestado à Justiça, afirmou que viu Rafael Braga sendo abordado sozinho e sem objetos na mão. Evelyn afirmou que ele foi agredido e arrastado até um ponto longe de sua visão.
Contudo, para o magistrado, ao contrário dos policiais que merecem todos os créditos, “as declarações da testemunha Evelyn Barbara, arrolada pela Defesa do réu, visavam tão somente eximir as responsabilidades criminais do acusado RAFAEL BRAGA em razão de seus laços com a família do mesmo e por conhecê-lo ‘por muitos anos’ como vizinho”.
A draconiana sentença de 11 anos com base exclusivamente nas palavras dos policiais foi criticada. A Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo e militante do movimento negro, Djamila Ribeiro, “o caso de Rafael Braga é a prova do projeto ideológico do Estado brasileiro de super encarceramento e autoritarismo. A sentença demonstra que existe um tribunal racial com o objetivo de criminalizar pessoas negras, uma vez que palavras de policiais absolutamente questionáveis por todos os pontos de vista prevalecem sobre a de Rafael e da testemunha ocular. O que fundamenta essa diferença de credibilidade é o racismo”.
Nas suas redes sociais, o Doutor em Direito Processual Penal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e advogado criminalista Antônio Pedro Melchior afirmou que “a prática de tratar os agentes envolvidos na prisão como testemunhas do fato é errada sob todos os aspectos em que se analise”.
Melchior explica que “conceitualmente, em português ligeiro, as testemunhas são ‘pessoas desinteressadas’ que, a priori, não estão comprometidas com o resultado final do julgamento (ressalvas pessoais à parte). Policiais que prenderam o imputado [no caso, Rafael Braga] em flagrante ou atuaram na investigação tem interesse em defender a legalidade da própria atuação, o que é mais ou menos óbvio. Não são testemunhas por isto”.
O criminalista conclui que os policiais “não possuem qualidade suficiente para oferecer um conhecimento seguro sobre os enunciados fáticos e, portanto, não servem ao objetivo de chegarmos em uma decisão em que seja justificável aceitar que determinado fato ocorreu. Não pode servir para condenar uma pessoa”.
Ao aplicar a sentença, o juiz ainda considerou duplamente a reincidência da condenação pelos protestos de junho (Rafael foi condenado em razão do porte do desinfetante Pinho Sol ter sido considerado como porte de explosivos). Na sentença, o caso foi referido tanto para aumentar tanto a pena base, quanto para majorar na segunda fase. “Se um aluno meu faz uma dosimetria da pena que cita reincidência na primeira fase e na segunda fase do cálculo, eu zero a questão, mas aparentemente, o juiz Ricardo Coronha Pinheiro, que fez a dosimetria da estúpida condenação do Rafael Braga, pulou Teoria da Pena na graduação” – ironizou nas suas redes sociais a advogada criminalista e doutoranda pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) Aline Passos.
A condenação gerou revolta em diversos seguimentos. Rodrigo Mondego, advogado com reconhecida atuação junto a manifestantes, resumiu que “Rafael Braga com sua nova condenação, é o símbolo da ditadura de um judiciário e seu sistema de justiça, que oprime, tortura e mata”.
Em nota, o Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH), responsável pela defesa de Rafael, afirmou que “a equipe de advogados(as) do Instituto, que vem realizando desde dezembro de 2013, com seriedade e dedicação, a defesa técnica de Rafael Braga, manifesta sua perplexidade com o teor da sentença. A um só tempo, a decisão viola a presunção de inocência, criminaliza a pobreza e reforça a estigmatização de um jovem pobre, negro e favelado”.
“Lutaremos por justiça no caso Rafael Braga utilizando todos os meios judiciais cabíveis” – completou a nota.
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