sexta-feira, 29 de julho de 2016

Fim de uma era: começa a acabar o anonimato irresponsável (e revelador dos "pensamentos secretos")

Sem inconvenientes

Na primeira fase do desenvolvimento histórico da imprensa, vendiam-se notícias; na segunda, opiniões, e na terceira, leitores. Ou seja, o verdadeiro produto de um jornal passou a ser o seu público leitor, que é vendido para os anunciantes; o tamanho e a composição desse público determinam o preço dos anúncios, que supera de tal forma os custos de produção do jornal que o preço de venda de uma edição pode ser fixado num patamar muito inferior aos custos totais de produção da parte redacional. No entanto, o leitor paga um preço adicional e não declarado por isso: visto que o jornal passa a ser sobretudo um negócio, o dono do jornal tomará medidas para que seus redatores não intimidem os anunciantes com notícias comercialmente inconvenientes nem afugentem os potenciais clientes desses anunciantes. A consequência disso é a restrição da crítica e a progressiva redução das possibilidades de emancipação desse leitor.

Renato Zwick, citando Jochen Stremmel 

Candy Darling on her deathbed

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/bb/Candy_Darling_on_her_Deathbed.jpg

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Pirro


“O Progresso... garante a todos os espíritos rasteiros que eles controlam a natureza. O Progresso molesta a natureza e diz que a conquistou. O Progresso inventou uma moralidade, e criou máquinas para extrair a natureza de dentro do homem, e sente-se seguro numa estrutura global que é sustentada pela histeria e pela conveniência. Ele celebra vitórias de Pirro sobre a natureza... Quando o homem ainda se locomovia em carruagens, o mundo era melhor do que agora, que um balconista pode viajar pelos ares. De que serve a velocidade se o cérebro se esvai ao longo do caminho?”
Karl Kraus 

Machine


“A máquina se tornara uma superstição da vida moderna; ela tornou a vida mais difícil, mas era valorizada como algo pelo qual valia a pena sofrer. A vida das pessoas se tornou mais complicada desde que as inovações se converteram em necessidades, sem as quais elas não poderiam viver; e dessa maneira o homem se tornou uma insignificante peça entre muitas outras partes mecânicas. Sua mente não era mais capaz de organizar o mundo exterior de maneira significativa”

Wilma Iggers, sobre as ideias de Karl Kraus a respeito do progresso tecnológico.