29 - [...] A construção de uma cidade não pode ser abandonada, sem programa, à iniciativa privada.
terça-feira, 5 de maio de 2015
Le Corbusier, Carta de Atenas 3
29 - [...] A construção de uma cidade não pode ser abandonada, sem programa, à iniciativa privada.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Le Corbusier, Carta de Atenas 2
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- NOS SETORES URBANOS CONGESTIONADOS, AS CONDIÇÕES DE HABITAÇÃO SÃO NEFASTAS
PELA FALTA DE ESPAÇO SUFICIENTE DESTINADO À MORADIA, PELA FALTA DE SUPERFÍCIES
VERDES DISPONÍVEIS, PELA FALTA, ENFIM, DE CONSERVAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES (EXPLORAÇÃO
BASEADA NA ESPECULAÇÃO). ESTADO DE COISAS AINDA AGRAVADO PELA PRESENÇA DE UMA
POPULAÇÃO COM PADRÃO DE VIDA MUITO BAIXO, INCAPAZ DE ADOTAR, POR SI MESMA,
MEDIDAS DEFENSIVAS (A MORTALIDADE ATINGE ATÉ VINTE POR CENTO).
É o estado interior da moradia que
constitui o cortiço, mas a miséria deste é prolongada no exterior pela
estreiteza das ruas sombrias e total falta de espaços verdes, criadores de
oxigênio e que seriam tão propícios aos folguedos das crianças. А despesa comprometida numa construção erguida há séculos foi
amortizada há muito tempo; tolera-se todavia que aquele que a explora possa
considerá-la ainda, sob forma de moradia, uma mercadoria negociável. Ainda que
seu valor de habitabilidade seja nulo, ela continua a fornecer, impunemente е às
expensas da espécie, uma renda importante. Condenar-se-ia um açougueiro que
vendesse carne podre, mas a legislação permite impor habitações podres às
populações pobres. Para o enriquecimento de alguns egoístas, tolera-se que uma
mortalidade assustadora e todo tipo de doenças façam pesar sobre a coletividade
uma carga esmagadora.
Le Corbusier, Carta de Atenas 1
20 - OS SUBÚRBIOS ESTÃO ORGANIZADOS SEM PLANOS E SEM LIGAÇÃO NORMAL COM A CIDADE.
Os subúrbios são descendentes degenerados dos arrabaldes. O
burgo era outrora uma unidade organizada no interior de uma muralha militar. O
falso burgo, contíguo a ele pelo lado de fora, construído ao longo de uma via
de acesso e desprovido de proteção, era o escoadouro da população excedente
que, bom ou mau grado, devia acomodar-se em sua insegurança. Quando a criação
de uma nova muralha encerrava um dia o falso burgo, com seu trecho de via, no
seio da cidade, ocorria uma primeira alteração na regra normal dos
traçados. A era do maquinismo é caracterizada pelo subúrbio, área sem traçado
definido, onde são jogados todos os resíduos, onde se arriscam todas as
tentativas, onde se instalam em
geral os artesanatos mais modestos, com as indústrias julgadas de antemão
provisórias, algumas das quais porém conhecerão um crescimento gigantesco. O
subúrbio é o símbolo ao mesmo tempo do fracasso e da tentativa. É uma espécie
de onda batendo nos muros da cidade. No decorrer dos séculos XIX e XX, essa onda
tornou-se maré, e depois inundação. Ela comprometeu seriamente o destino da
cidade e suas possibilidades de crescer conforme uma regra. Sede de uma
população incerta, destinada a suportar inúmeras misérias, caldo de cultura de
revoltas, o subúrbio é com frequência dez vezes, cem vezes mais extenso do que a
cidade. Deste subúrbio doente, onde a função distância-tempo suscita uma
difícil questão que continua sem solução, alguns procuram fazer
cidades-jardins. Paraísos ilusórios, solução irracional. O subúrbio é um erro
urbanístico, disseminado por todo o universo e levado às suas consequências
extremas na América. Ele constitui um dos grandes males do século.