quinta-feira, 20 de março de 2014

China - Bob Perelman

Moramos no terceiro mundo a partir do sol. Número três. Ninguém nos diz o que fazer.
As pessoas que nos ensinaram a contar estavam sendo muito boazinhas.
Está sempre na hora de ir embora.
Se chover, você ou tem ou não tem um guarda-chuva.
o vento faz voar seu chapéu.
o sol também se levanta.
Gostaria que as estrelas não nos descrevessem uns aos outros; gostaria que nós mesmos o fizéssemos.
Corra na frente de sua sombra.
Uma irmã que aponta para o céu pelo menos uma vez por década é uma boa irmã.
A paisagem é motorizada.
O trem leva você para onde ele vai.
Pontes no meio da água.
Pessoas desgarradas em grandes vias de concreto, indo para o avião.
Não se esqueça de como vão parecer seu sapato e seu chapéu quando você tiver desaparecido.
Até as palavras flutuando no ar fazem sombras azuis.
Se o gosto for bom, nós comemos.
As folhas estão caindo. Chame a atenção para as coisas.
Escolha as coisas certas.
Oi, adivinhe o que aconteceu
? O quê? Aprendi a falar. Fantástico.
A pessoa cuja cabeça estava incompleta começou a chorar.
Enquanto caía, o que a boneca podia fazer? Nada.
Vá dormir.
Você fica superbem de shorts. E a bandeira parece estar muito bem também.
Todos se divertiram com as explosões.
Hora de acordar.
Mas é melhor nos acostumarmos com os sonhos.

Bob Perelman 

terça-feira, 18 de março de 2014

Der Schrei

O quadro de Edvard Munch, "O grito", certamente é uma expressão canõnica dos grandes temas modernistas da alienação, da anomia, da solidão, da fragmentação social e do isolamento - um emblema programático virtual do que se costuma chamar a era da ansiedade. Ele será lido aqui como uma materialização não apenas da expressão desse tipo de  afeto, mas, principalmente, como uma desconstrução virtual da própria estética da expressão, a qual parece ter dominado muito do que chamamos de alto modernismo, mas queparece ter desaparecido - por razões teóricas e práticas - do mundo do pós-moderno. De fato, o próprio conceito de expressão  pressupõe uma separação no interior do sujeito e, também, toda uma metafísica do dentro e do fora, da dor sem palavras no interior da mõnada, e o momento em que, no mais das vezes de forma catártica, aquela "emoção" é então projetada e externalizada, como um gesto ou grito, um ato desesperado de comunicação, a dramatização exterior de um sentimento interior.
Fredric Jameson

sexta-feira, 14 de março de 2014

terça-feira, 11 de março de 2014

Desvão

"Muito no ente o homem não é capaz de domar. Pouco se deixa conhecer. O conhecido permanece algo aproximado, o dominado algo incerto. Nunca, como facilmente poderia causar deslumbre, o ente está sob nosso poder e nem mesmo [sob] nossa representação."

Heidegger

segunda-feira, 10 de março de 2014